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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

De onde ele veio??


Por Alex dos Santos

Todos os dias eu passava por aquela rua e via um homem todo sujo que insistia em dizer" Eu não queria, eu não queria" ele era um andarilho, comia apenas quando alguém resolvia dar-lhe alguma sobra, ele não tinha nome, seu endereço era naquela esquina mesmo nos dias chuvosos aos quais ele achava uma forma de se proteger de tanta água, e no inverno ele acendia um foguinho para se aquecer, um dia no caminho para casa eu me questionei, De onde ele veio??
Teria sido sempre assim, e a rua sempre foi a sua morada?? Ou a vida nunca lhe uma chance de se erguer e lutar? Eram muitas perguntas, e em certo dia, eu sentei do lado dele.
No inicio ele me olhou com uma cara de espanto e se eu tivesse o dom de ler pensamentos iria ler ele dizendo " Que esse louco está fazendo aqui?" mas a única coisa que pude ouvir foi, " eu não queria, eu não queria".
Confesso que me arrependi de ter sentado ali ao seu lado, mas como já estava lá, tentei começar um dialogo que eu ainda não sabia, mas iria me deixar de boca aberta. Como um homem prevenido vale por muitos levei um lanche, para que pudéssemos como dois cavaleiros a deleitar de uma boa refeição enquanto conversávamos. Então comecei:

Oi amigo, quer um sanduíche?
Ele sem ao menos pestanejar pegou o lanche da minha mão sem eu explicar pra ele que um dos sanduíches era meu, mas tudo bem, um lanche era um preço muito pequeno, perto da satisfação de ver uma pessoa comendo com tanto gosto. Entre uma mordida e outra ele murmurava sua frase " Eu não queria, eu não queria" até pensei em chama-lo assim.
Mas vi que ele não iria conversar comigo e fui para minha casa, no caminho e durante o dia em que seguiu assim como a noite, eu tentava descobrir os mistérios daquele homem.
Eu mudei de caminho por um tempo, tentando esquercer o misterio que aquela alma atormentada guardava, e durante uma noite de terça-feira não durmi tentando imaginar quais eram as somatorias de sofrimentos que o levaram até lá, ou será que ele nascera daquela forma, e o que significava a frase " Eu não queria, eu não queria", estava decidido, no outro dia eu ia lá, e não sairia, sem levar uma surra ou descobrir o mistério do homem da esquina.
Na manhã seguinte, passei comprar um lanche e dessa vez eu levei um suco tambem, para ver se obtinha mais sucesso, ao chegar perto notei que naquele dia ele estava mais triste, então sentei ao seu lado, ofereci o lanche e tentei começar outro dialogo:

Bom dia amigo, você mora aqui?

Acho que naquele dia ele queria conversar, pois dessa vez ele respondeu-me, (ah
vá) bom de qualquer forma ele disse.

Não sei quem voce é mas já lhe adianto, eu não queria, eu não queria, mas ela insitiu.

O senhor tem nome? Perguntei-lhe.

Ele por sua vez disse sim eu me chamo Agnaldo, e nem sempre tive essa vida, (nesse momento ele não mastigava mais e viajava em uma memória profunda e começou a falar). Eu nasci em uma cidade não muito longe daqui, meus pais sempre tiveram grandes poses e eu sempre vivi bem, estudei nas melhores escolas, e foi em uma delas que eu conheci uma garota, que quando a vi meu coração parou de bater por um instante, o ar ficou mais pesado e eu sentia meus pés como se tivessem asas, e pudessem voar para qualquer parte do universo, mas eu queria estar ali, olhando para os seus olhos azuis que me encantavam, as minhas primeiras palavras eu não me lembro, mas meu pensamento foi “ela vai ser minha". E de fato isso aconteceu depois de uma semana estávamos namorando e depois de 3 anos nos casamos, estar com ela era a melhor coisa do mundo, não precisava de ninguém, mas ela me provou que nosso sentimento poderia ser completo se tivesse mais alguém, ela era linda e sabia seu nome era Alana, que signigica " A mais bela" e ela fazia juz ao seu nome, e tinha muita sabedoria, e essa pessoa nasceu depois de 9 meses e era a nossa alegria, nossa vida sempre foi repleta de muito amor e compreenção e a unica vez que discutimos foi a ultima. Ela queria ir há um evento ao qual eu não gostava, e lá estaria pessoas que eu não gostara, mas ela não se importava pois todos adoravam Alana, naquela noite brigamos depois de muitos anos, e eu não queria ir, algo me consumia por dentro, mas algo que eu não sei o que; dizia que tinha que ser dessa forma, e eu fui, entramos no carro e ela estava brava comigo e eu fiquei furioso, nossa pequena filha estava na cadeirinha no banco de tras e eu comecei a acelerar quando cheguei nessa esquina eu não consegui parar e bati nesse poste da esquina, no acidente morreu os dois amores da minha vida, assim como um pedaço de mim, desde então eu abandonei tudo que tinha e que eu era para esperar minhas duas meninas, pois se foi aqui que elas se foram quem sabe será aqui que elas irão voltar um dia, mas existe algo dentro da minha cabeça que me culpa todos os momentos e eu tento argumentar que eu não queria, eu não queria, mas nada diminui a minha dor.
Nesse momento as lagrimas percorrem o rosto daquele homem e ele volta a comer e murmurar, "Eu não queria, Eu não queria" naquele momento eu me levantei e fui para casa pensando (agora sei de onde ele veio) desde então rezo pela alma dele perturbada pelo fato do rancor te sido pivo da morte de um amor tão lindo e verdadeiro, e peço para que eu não seja vitima de tal destino, e desde então todos aqueles que vejo largado nas ruas, eu penso, esse cara tem uma historia.

" A vida não é feita de anonimos, mas todos como sua historia."

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