Por Alex Santos - asr.alexsantos@hotmail.com
Sr. Osvaldo nasceu o seu filho, exclamou a enfermeira ao homem que aguardava ansioso na sala de recepção, naquele momento o sorriso foi de orelha a orelha, e aquele homem não sabia o que fazer tamanha era a sua emoção, ele abraçou que ali estava e dizia ele vai se chamar Daniel, meu filho vai se chamar Daniel.
Daniel era o filho mais novo do Sr. Osvaldo e a Sra. Mariana, eles eram casados a 16 anos e tinham já duas filhas mais velhas, a Joana e Daiane, eles eram uma família feliz, com pai caminhoneiro e a mãe costurava em casa, apenas para se manter ocupada, o tempo passou e as meninas se casaram e foram para suas casas criar uma nova família. Nessa época Daniel já tinha 5 anos e foi atormentado por uma forte gripe, ou o que os médicos chamaram de pré-pneumonia, e ele foi levado ao medico no dia 5 de maio de 1989.
Naquele mesmo dia horas antes, uma moça chamada Silvana saia de mais uma aula de enfermagem aonde após alguns meses ela se tornaria técnica em enfermagem, sua alegria era grande em conseguir esse titulo, mas naqueles últimos meses tudo tinha sido difícil, pois ela haverá perdido seu pai sua mãe andava muito triste como não bastasse os seus dias eram compostos por horas de estagio e horas estudando, se tinha uma coisa que ela não fazia era aproveitar a vida. E naquele dia 5 de maio de 1989, Silvana foi para o estagio no único hospital publico da cidade, ela dormiu o trajeto inteiro até o hospital, era uma quinta e tinha se acumulado todo os esforços dela, naquele dia ela começou a trabalhar e nem sabia ao certo aonde estava.
E naquele mesmo hospital estava a família com seu filho com uma febre alta, mas o médico já ia o atender e assim foi o médico o olhou e falou que ele tinha que tomar uma injeção urgente para que pudesse baixar a febre, e por acaso do destino a enfermeira que estava ali para aplicar a injeção era Silvana, e o mais provável aconteceu, a injeção que ela aplicou estava com a dosagem errada e se não bastasse o lugar aplicado foi errado, a forte gripe passou, mas o menino Daniel perdeu os movimentos do corpo ficando totalmente atrofiado. A vida daquele garoto mudou drasticamente, pois a sua condição o obrigou a ficar em cadeira de rodas e depender dos seus pais para tudo que viesse a fazer.
Os dias que se seguiram foram de revolta e dor para todos os membros da família e amigos, a mãe daquele garoto chorava todos os dias e se perguntava o porquê de tudo aquilo, mas por ser temente a Deus nunca questionou se tinha alguma coisa a ver com castigo divino. E aquela injeção errada não acabou somente com a vida do pequeno Daniel a enfermeira ou a que seria técnica em enfermagem desistiu da carreira tentou suicídio e dos dias da sua vida se seguiram de forma amargurada.
Alguns meses passados e a Sra. Mariana estava trocando as fraudas de seu filho, quando ele olhou nos olhos dela e naquele momento escorreu uma lagrima pelos seus olhos, parecia que as lagrimas tinham uma frase que dizia “Mãe o que eu fiz para isso ter acontecido?”, Mariana desmaiou logo após o acontecido e foi parar no hospital, e em uma bateria de exame constatou que ela tinha um câncer no estômago que estava se espalhando.
Se alguém disser que a vida é justa, deve usar uma placa em seu pescoço para o resto da vida, dizendo que ele é o maior mentiroso do mundo, pois a vida não é e talvez nunca seja justa, pois aquela mulher lutou contra aquela doença durante 7 anos e ao mesmo tempo cuidava do seu filho que precisava dela. O pai Osvaldo vendeu o que podia para pagar despesas com médicos e sustento da sua família, pois ele teve que cuidar da sua esposa e de seu filho nos momentos mais difíceis.
O Câncer é uma doença sem alma, e castigava aquela mulher que adorava a vida, e como conseqüência ela teve duas paradas cardíacas em um mês e na segunda ela ficou em cama como se agonizando sobre o leito do hospital, seu marido ali ficava durante horas olhando para ela. Em um certo dia, Osvaldo sentou na beira da cama, olhou para aquela mulher que ele amou, a única em toda sua vida, e viu que ela sofria muito, e compenetrado no fundo dos olhos dela disse: - Amor da minha vida, sei que você está sofrendo demais e isso tem me deixado pior ainda, mas se não se foi para junto de Deus ainda por causa de nosso filho Daniel, saiba que eu vou cuidar dele por toda minha vida, ele é um tesouro que Deus nos deu, se quiseres ir vá, mas não sofra mais porque você já fez a sua parte”.
Apenas lagrimas escorreram sobre a face da esposa de Osvaldo, eram como se fossem água para lavar alma, ela olhou fixamente para seu parceiro de anos e foi fechando lentamente até que ela se foi. Seria redundante dizer que o esposo caiu em prantos naquele momento, enterrar um amor é uma das piores dores existentes no universo, Osvaldo não conseguiu salvar o corpo de sua amada mas tinha a sua alma e se chamava Daniel.
Essa historia tinha tudo para acaba com um pai de família alcoólatra e revoltado com Deus e um jovem abandonado a própria sorte, mas a alegria daquele homem em saber que sua mulher tinha confiado nele a responsabilidade de cuidar do ultimo fruto do seu casamento. Osvaldo continua sendo caminhoneiro adaptou seu caminhão para o conforto do seu filho e leve ele para todos os lugares, não larga o menino por nada nesse mundo e o ama muito, suas filhas raramente visita os dois, e uma delas se separou no ano passado, e enfermeira Silvana trabalha como voluntaria em um centro de pessoas especiais, mesmo sabendo que nunca vai reparar o que fez, e mesmo assim ela tenta ajudar.
Na vida você tem que escolher, ou você chora, ou você vende lenços.
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